A FILOSOFIA NO ENEM
A
Filosofia no ENEM
Observei
a prova do ENEM (Exame nacional do ensino médio) recentemente e
percebi ainda a importância da filosofia na mesma. Foram em torno de
10 questões diretas de filosofia, isso sem contar outras que teriam
também uma tônica filosófica, o que mostrou ainda esse enfoque.
Contrariamente a certa proposta do governo, que deseja fazer do
Ensino Médio algo profissionalizante ou técnico para trabalho, a
prova exigiu diversas competências e conhecimento teórico e
literário, o que pareceu ir de encontro a essa proposta. Observando
a prova de Linguagens, códigos, ciências humanas etc, se percebe
ainda a importância da leitura e da visão crítica, necessárias a
alunos e professores. Também se percebe a valorização da
cidadania, e conhecimento de leis, que mesmo na redação foi
exigido, como no caso do tema de surdos na educação. Acabou até
por se citar mais de uma vez a Constituição na prova. Ademais, a
grande variedade de conhecimento tecnológico e de informática
exigido, o que revela se querer um aluno situado em seu tempo.
A
primeira questão que transparece em citar um filósofo, no caso
Pierre Lévi, foi a oitava, no caso de caderno azul, onde se tratou
da cibercultura. Isso mostra a diferença do que é muitas vezes
ensinado nas escolas, e o que é exigido no ENEM. Devem os
professores de filosofia lembrar desse autor atual. No caso, a
resposta era do espaço aberto para a aprendizagem. Esse autor fala
nas obra em uma classificação, onde traça o momento atual como
espaço do saber. Já na questão 14, se falou de Norberto Bobbio,
pensador italiano que por vezes falou de política e que tem uma obra
enigmática, chamada “A era dos direitos”. Mas no caso, a
questão tratou de propaganda, e a resposta estava no próprio
enunciado da pergunta. Por isso uma dica a alunos é ler e refletir
na pergunta, que já pode conter a resposta. Seria a imposição de
ideias e de grupos. Caiu em questão 48 o tema da ética, onde se
cita Bentham, sendo a resposta pela racionalidade e pragmática. Já
a questão 49 era sobre o iluminismo, onde a resposta lembraria as
buscas iluministas, como superação de absolutismo, tirania, e mesmo
busca de igualdade e liberdade. A resposta seria pela igualdade. Já
na questão 58 caiu Antony Giddens, de modo que pelo contexto da
pergunta, se teria a resposta de universalidade de direitos e
diversidade, pois mais uma vez o texto fala em diversidade. O autor
da “Terceira Via” procurava isso em sua obra. Na questão 64 caiu
um filósofo do Direito, John Raws, americano, e assim a resposta
seria simples, para quem conhecesse o autor, tratando o tema da
liberdade e liberalismo. Na questão 66 parece ter caído uma
pegadinha sobre Sócrates, e apesar da resposta parecer ser pela
retórica, essa seria mais uma marca sofística, e Sócrates na
verdade fazia uma dialética, através de suas conversas e ironia,
pelo método da maiêutica. Para tanto, a resposta seria a
dialética. Já nas questões 67 e 50 pareceu que se procurou ver a
cidadania, uma vez se tratou de leis. Uma era no caso de índios na
Constituição, e outra da relação entre os 3 poderes, no caso o
Judiciário interferindo no parlamento. Deste modo a resposta nesta
era a judicialização, e no caso dos índios, que se refere a
patrimônio cultural, seria essa a resposta.
A
prova exigiu diversos saberes, e em especial a questão da redação,
que era sobre os surdos e a educação. Logo, algum conhecimento de
LIBRAS ou de algo relevante sobre o tema seria bem pertinente para
fundamentar o texto. Mesmo a experiência com colegas em turma.
Também outras questões trataram de temas de atualidade, e assim se
observa exigências da UNESCO, questões da ONU e mesmo sobre cultura
e tecnologia. O aluno deve demonstrar conhecimento sobre tecnologias
e acesso a informações pertinentes ao tema. Na questão 74 se
tratou sobre as mulheres, e se deve lembrar de ENEM passado onde a
redação era sobre feminismo. O aluno deve para tanto ainda estudar
escolas de arte, e ter alguma busca cultural mais erudita. Mas no
geral se mostrou essa prova como ainda relevante o tema da filosofia,
e ainda da cidadania na escola, que devem ser focados por professores
de modo incisivo, e não apenas transversal, como parece a reforma da
LDB em Ensino Médio propor.
Comentários
Postar um comentário