Questões comentadas 1


(ENEM 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens que se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser

A) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.

B) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.

C) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.

D) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.

E) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.




Comentário: A própria questão tem a resposta. Talvez se o estudante ler com mais paciência, e realmente interpretar a questão, acerte sem muita dificuldade. Mas analisando a letra A, fato é que Maquiavel fala de virtute, mas é algo diferente, relacionada ao termo Vir, que mais se relaciona a virilidade. Também o termo fortuna é usado por Maquiavel, mas se relaciona ao destino e a deusa Fortuna, aquela com cornucópia nas mãos. Sendo renascentista, Maquiavel trazia uns elementos pagãos em sua filosofia. Com relações pacíficas também não, uma vez que ele escreveu até uma obra sobre a arte da guerra. Por fim ele fala de César Bórgia, que define o exemplo da questão.
 
 
 
 
 
 

(ENEM 2013) Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade  fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social. MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).

Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que

A) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.

B) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.

C) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.

D) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.

E) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.





Comentário: Conceitos básicos em relação ao Marx resolvem a questão. O aluno deve colecionar palavras-chave e macetes a resolver as questões. Assim Marx via o capitalismo como algo que seria superado. Da exploração do proletariado, restaria a mais-valia, então não é contemplado com a mais-valia, como disse a letra A. Sobre a letra C e o progresso humano, essa alternativa parece mais positivista, relacionada a Augusto Comte, que com Marx. O capitalismo para ele teria um fim, então nada de progresso. Também não fala sobre a letra D, que parece ser de um autor liberal, oposto a Marx. E a letra E é justamente o contrário, pois a burguesia deseja alienar e a classe parece não ter consciência.

 

 

(ENEM 2016) TEXTO I Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.

 

HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).

 

TEXTO II Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim, não foi e nem será, pois agora é um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?


PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).

Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das



A investigações do pensamento sistemático.

 

B preocupações do período mitológico.


C discussões de base ontológica.


D habilidades da retórica sofística.


E verdades do mundo sensível.




Comentário: tanto Heráclito quanto Parmênides se dedicam a questão do ser enquanto ser, logo ontológica. Desde a expressão do tudo flui de Heráclito, o panta rei, até o “ser é” de Parmênides, mostram bem essa dinâmica. Para Parmênides o ser é imutável, enquanto que para Heráclito, sempre muda. Então a questão central é ontológica, bastando ao aluno saber dessa característica e do significado dessa palavra: ontologia. Assim o termo se relaciona ao ser. Inclusive a questão facilitou ao citar esse tema no fragmento de Parmênides.



 
 

(ENEM 2016) Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar!

NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: Ediouro, 1977. O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista, uma vez que



A reforça a liberdade do cidadão.

 

B desvela os valores do cotidiano.


C exorta as relações de produção.


D destaca a decadência da cultura.


E amplifica o sentimento de ansiedade.






Comentário: Nietzsche fez uma filosofia do martelo, logo para destruir os ídolos de sua cultura. Assim lhe causava aversão a filosofia alemã, e mesmo a cultura de seu tempo, da moral cristã e mesmo de doutrinas socialistas, e outras. Critica assim Sócrates, Kant e tantos outros. Assim uma degenerescência. O homem estaria meio como um animal doente em meio a essa cultura citada por ele. Decadente. Para superar isso surgiria o Zaratustra, o dionisíaco e uma série de ensinos propagados por ele. A cultura do rebanho, ou seja, da moral judaico-cristã estaria decadente, frente a isso, juntamente com a ciência e tudo mais, que sofria crítica dele igualmente. Sobre o niilismo, o mesmo se refere ao nada, a palavra “nihil”. Assim Nietzsche se refere ao budismo, que buscaria um nada ou nirvana, e compara ao cristianismo, a que chama de um budismo europeu, e relacionado a redenção, salvação etc, e a Deus, na visão de Nietzsche.

 
 

 
 
 



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